
Labaredas, calor e uma vida esvaindo-se sem sequer um suspiro, um gemido de dor ou uma palavra final. O fogo que por longo tempo foi denominado origem da vida, desta vez tira uma. De forma silenciosa e lenta lambe o corpo nu do homem, consumindo-o, enegrecendo-o, tirando-lhe as expressões que imagino, em outrora eram lívidas e cheias de ternura.
Essa imagem perseguiu-me em pensamento por dias a fio depois de tê-la visto pela primeira vez. Vinha em flashes, em partes fragmentadas, até o monge estar por completo queimado. Sim, era um monge, um monge vietnamita, o qual o nome me é desconhecido.
Em forma de protesto contra um governo repressivo e autoritário, no ano 1963, este, como outros monges resolveram protestar com a própria vida.
Calmamente embebeda seu corpo em gasolina e se senta em uma rua movimentada, a qual escolheu para ser o último lugar no qual estaria. Acende destemidamente um fósforo e joga em si... Começa uma meditação profunda, sua última... Pelo menos nesta vida.